7 de janeiro de 2015

Abri os braços e deslizei rumo ao sol

Hoje, num ritual invulgar, vou-me vestir de Sol! Vou vestir-me silenciosa e lentamente saboreando o prazer difuso de uma ambição desmedida que cresce e nasce dos confins de muitos Aléns que a memória guarda para lá dos séculos, do tempo que dominamos, e guardamos, na ânsia de o agarrar no movimento de estar e de sentir. Vou pegar na minha ambição de Amor por esta universalidade que me compõe e vou subir aos espaços que não domino mas onde habito numa c…onvivência paralela ou dimensionada noutras nuvens que me abrilhantam e iluminam. Quero resplandecer. Há muito que guardo o Sol na palma da minha mão em sonhos que aconchegam e salvam.
Vou vestir-me de Sol pois é lá que me movo quando ultrapasso as fronteiras que desbravo numa conflitualidade assumida e não cumprida nos limites da razoabilidade humana. Sou audaz, indisciplinada. Sou mais do que deveria ser mas sou Eu na forma pura de existência que oscila entre as dúvidas e as certezas. Vou vestir-me de Sol, milímetro por milímetro. Vou ficar com asas, ficar estrela, guerreira, deusa, rainha de luz, com cintilações poderosamente ofuscantes que, poeticamente, vão polir as árvores que olhar e os rios que fixar serão veios de ouro corrente reluzindo a céu aberto. E quando começar a escutar o sopro da melodia do vento e sentir que ele me quer envolver na brisa perfumada e refrescante como murmúrio de mar ciumento aí, vestida de magia e de Sol, sorrirei, sedutoramente, e contar-lhe-ei um segredo que ele nunca saberá guardar. O segredo fala de ti. É para ti. Por ti, vesti-me de Sol…
Sorriste e nesse instante roubaste o fascínio do meu silêncio. O teu sorriso tem brilho de Alma. Tem beleza, encanta, amacia desassossegos, desencantos, arruma-nos, enquadra-nos na vida, posiciona-nos nos desafios, ilumina esperanças esbatidas quando cedemos ao desalento. Por ti sou capaz de percorrer o Universo, para encontrar o teu sorriso. Ele fala por ti. Fala de ti. Tem fascínio. Por isso quando sorriste, abri os braços deslizei rumo ao Sol e sorri-te num poema inconfessado. 
(Maria Elvira Bento.  Blog Brumas de Sintra)

Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.
(Cecília Meireles)
                             

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