30 de maio de 2015

Perto da prosódia troncha de Dilma Rousseff, Lula é um Machado de Assis.


Leiam o recado de Celso Arnaldo Araújo, o jornalista que descobriu o dilmês:
Algum dia ela governou o que diz? Esta coluna, desde o “Pra mim sê pré”, de 2009, é a prova abundante — talvez a única e mais legítima — do vergonhoso despreparo da presidente, para o qual, só agora, se voltam a atenção e o espanto (inter)nacionais.
Não, não é insanidade mental — que ela e seus mantenedores são bem espertos. Os mexicanos a editam, a bem da inteligibilidade da chefe de estado de um país amigo. A companheirada do Portal do Planalto simplesmente a transcreve, sem tirar nem pôr, dando um olé no Brasil que pensa.
É ignorância no seu estado mais bruto, mais insuperável, o ponto mais baixo da República brasileira. A nossa Dilma.
A expressão “Pra mim sê pré” aparece no post publicado em 2 de dezembro de 2009. Vale a pena revê-lo:

DILMA, O EU E O MIM

Ainda convalescendo do espanto, transfiro para o Direto ao Ponto o comentário do jornalista Celso Arnaldo que acabo de ler. Segurem-se. (AN)
Há imagens que não falam por si e áudios que dizem tudo.
Ligo o rádio do carro, hoje cedo, e ouço o locutor anunciar que Dilma – embora tenha começado a aparecer na TV com a pompa e a circunstância de presidenciável, nos primeiros teasers de sua campanha – ainda não se considera candidata do PT à sucessão do Lula, aliás sequer pré-candidata. Entra o áudio de Dilma, naquele inconfundível “um tom acima”:
- Pra mim sê pré….
Para por aí. Não interessa o que vem depois (“…tenho que passar pela convenção do PT”). Esse “Pra mim sê pré” poderia ser, quando nada, a mais curta e cruel (contra seu autor) frase internada no Sanatório. E, se eu tivesse tempo e interesse, seria o título, o mote e o resumo de uma longa tese de mestrado sobre o mais absoluto e chocante equívoco político da história de nossa República.
“Pra mim sê pré”: quatro monossílabos, cada qual contendo um erro essencial ou uma corruptela vulgar. Mas o “pra mim ser” ultrapassa qualquer barreira da desarticulação linguística. Eu, se sou RH, desclassifico na hora o candidato a vaga de assistente administrativo que diga “pra mim fazer” – mesmo que tenha quase mestrado e quase doutorado no currículo. Porque é erro incorrigível – já integra a estrutura mental de quem acha que mim conjuga verbo.
Por experiência própria, pessoas que falam “pra mim fazer” falarão “pra mim fazer” a vida toda, mesmo sendo corrigidas a vida toda.
No caso de Dilma, a prosódia troncha, de mineira de fachada, ainda transforma o ser em “sê”, o que dá à frase uma conotação sonora sincopada, meio mística.

“Pra mim sê pré”: um mantra à suprema ignorância humana.

Autor: Celso Arnaldo

Volto para o curto registro: perto de Dilma Rousseff, Lula é um Machado de Assis. (AN)
Fim do post de 2009. De volta a 2015, reitero sem nenhum prazer que a cabeça de Dilma Rousseff — um deserto de ideias habitado pelo neurônio solitário — é exposta por esta coluna há cinco anos e meio.
Nós todos sempre soubemos que o titanic lulopetista avançava na direção do iceberg. Não foi por falta de aviso que tantos brasileiros autorizaram nas urnas a consumação do naufrágio político, econômico e moral.

A. Nunes (Veja)

29 de maio de 2015

Grazzi Massafera na novela das 11 hs, da Globo.


A bela e simpática Grazzi Massafera estará na novela das 23 hs da Globo - Verdades Secretas. Lastimavelmente é mais uma novela que gravitará em torno do "mundo cão",  mais uma que vai explorar o que há de pior no ser humano, suas misérias sociais, suas taras, vícios e outros temas sórdidos tão do gosto dos novelistas da platinada. 
 Segundo a atriz, "Não é uma personagem grande, mas é forte, ou seja: conta o drama de uma modelo que entra em declínio, não se conforma com o fracasso e se torna prostituta e drogada. Com certeza é o trabalho mais pesado que já fiz, mas não sei se é um personagem divisor de águas e nem quero falar disso porque assim crio grandes expectativas e isso cada um tem a sua, então é difícil dizer. É tanta coisa para acontecer que fico até receosa de falar", contou aos jornalistas na festa de lançamento da trama na última quinta-feira (29), em São Paulo.

Para a novela, Grazi conheceu meninas que passam pela mesma situação da personagem e disse que pretende ir à Cracolândia, no centro de São Paulo. Vai vendo o nível:  "Ainda não entrei nas cenas mais pesadas, mas provavelmente vou sim à Cracolância para ver como é, e acho que será incrível"  (bota incrível nisso!). 
A personagem Larissa fez a atriz mudar alguns hábitos também, como deixar de tomar sol, passar a dormir tarde, suspender a malhação e, nos próximos meses, até emagrecer . "Isso não me preocupa, porque tenho mais facilidade de emagrecer do que engordar". Vai ficar esquelética, e ainda põe a saúde em risco. tudo em nome da arte fajuta das telenovelas globais, em sua pouco honrosa trajetória rumo a degradação moral. Já não bastasse a tenebrosa Babilônia, puro lixo não reciclável e a abominável I love Paraisópolis, mais uma indigesta produção respaldada na baixaria e em baixos valores morais são a tônica da trama. Parecem buscar inspiração nos programas policiais, tipo Cidade Alerta e outros.
Melhor ver O Rei do Gado, um clássico das novelas globais, no horário da tarde. Melhor ainda será ver Os Dez Mandamentos na Record, uma belíssima e muito bem construída novela. Tão bela e de excelente qualidade o quanto foi José do Egito, da mesma emissora. 


10 de maio de 2015

Falar ou calar, companheira Dilma?


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O 1º de Maio, Dia do Trabalho, deveria ser uma data de gala para o Partido dos Trabalhadores. O PT está no Poder há mais de 12 anos, legitimamente eleito em quatro consultas consecutivas à população. Lula duas vezes. Dilma, mais duas. Por que então a presidente deci-
de não fazer o pronunciamento tradicional em cadeia de rádio e te- levisão para 200 milhões de brasileiros?   Por que não agradecer o voto de confiança dado a ela há apenas alguns meses – que já pare- cem uma eternidade?
Medo de um panelaço pior que o do Dia da Mulher. Panelas novas, panelas importadas, panelas velhas, panelas arranhadas. Medo do barulho infernal que pode emergir de residências caras, apartamentos modestos ou barracos. Medo da reação dos trabalhadores, não importa quanto ganhem. Medo da desilusão dos que perderam o emprego. A taxa de 6,2% de desocupação é a mais alta desde maio de 2011. O total de desempregados aumentou 23,1% em relação a março de 2014. As contas públicas registraram o pior trimestre em 17 anos.
O governo nega medo de panelaço ou de vaia. Dilma prefere gravar e divulgar alguns vídeos com mensagens nas redes sociais, segundo o ministro da Comunicação, Edinho Silva. O PT não gostou dessa desculpa tecnológica. Dirigentes petistas acham “um absurdo” e criticam a “covardia” de Dilma. Lula também pressiona a companheira. Há duas semanas, ele apelou em reunião com sindicalistas: “Dilma, se tem gente para te defender para sair dessa enrascada, é esse pessoal aqui”.
Qual enrascada? Para qualquer lugar que se olhe, os números justificam a cisão entre o PT e os trabalhadores. Tivemos o pior desempenho da história da caderneta de poupança, com os saques superando os depósitos em R$ 23 bilhões. O salário acaba antes do mês. Brasileiros raspam suas economias. É a maior carestia em 12 anos. A inflação e a desaceleração econômica aumentam as demissões e diminuem o poder de negociação salarial. A renda média do trabalhador foi reduzida em 2,8% em março – a maior queda em um mês desde janeiro de 2003, segundo o IBGE.
Em 2003, em seu primeiro Dia do Trabalho como presidente, Lula fez um discurso na Igreja da Matriz, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Foi uma fala de improviso, coisa inimaginável para Dilma. “E eu tenho, na minha cabeça, cada discurso que fiz na minha vida, eu tenho na minha cabeça cada compromisso que eu assumi em praça pública, eu tenho na minha cabeça programas de governo e eu tenho na minha cabeça que, se falhar, quem falhou foi um pedaço da história deste país e, possivelmente, iremos passar muitos anos para que a gente possa reconstruir a esperança que brotou no nosso país.” Premonição?
Lula dizia querer ser lembrado pela qualidade de vida de homens e mulheres. “E sobretudo pela qualidade da educação e da saúde que a gente quer implantar neste país.” Para tanto, o governo precisa “ter a habilidade de envolver a sociedade brasileira para se tornar cúmplice do governo”. “Podem ficar certos que todo 1o de Maio, às 9 horas da manhã, o presidente da República estará aqui para prestar contas do que estamos fazendo neste país”, afirmou Lula em 2003, pedindo que “Deus abençoe todos nós”.
Doze anos depois, onde está a qualidade na educação e na saúde? Doze anos depois, por que Dilma evita falar em público ou na televisão? Não quer prestar contas? A sociedade foi, sim, cúmplice do governo e acreditou no PT, como queria Lula. O PT teve a bênção de Deus, mas se deixou corromper pelo diabo.
A sociedade só não se sente cúmplice da corrupção e da incompetência que roubaram bilhões dos trabalhadores e de suas famílias. Agora, o ajuste fiscal, necessário como um antibiótico com efeitos colaterais negativos, tira bilhões do seguro-desemprego, da pensão por doença e morte e do abono salarial. O corte de R$ 18 bilhões em benefícios sociais foi reduzido para R$ 7,7 bilhões por resistência do Congresso. Onde está o corte necessário e moralizador nos surreais 38 ministérios? É ou não “corte na carne”?
Neste Dia do Trabalho, Lula e a CUT querem que Dilma condene a terceirização aprovada na Câmara. Na segunda-feira passada, Lula disse que, no 1º de Maio, “tranquilamente, a companheira Dilma vai vetar (a terceirização das atividades-fim das empresas)”. Se falar, a presidente dirá que não é a favor nem contra, muito pelo contrário. Dirá que apoia a terceirização para aumentar chances de trabalho e produtividade. Dirá que rejeita mexer nas conquistas trabalhistas. Dirá, como o presidente do Senado, Renan Calheiros – quem diria –, que não dá para liberar geral a terceirização, num momento em que o Estado aumenta impostos e juros.
Neste feriadão, o povo não quer mesmo ouvir Dilma. Não foi apenas o trabalho que se tornou precário. Foi a presidente.

Rute Aquino.  Rev. Época.