21 de agosto de 2012

O Adeus de Teresa, de Castro Alves


Nesses tempos em que vivemos tão distanciados do amor romântico, implodido pelas novas formas de relacionamento superficial, nas quais só o sexo interessa, nas quais os ficantes são nutuamente descartáveis, falar e poesia pode parecer alienação, coisa de gente velha...
Mesmo assim, estou postando uma poesia de um dos poetas brasileiros que  melhor escreveu sobre o amor, a paixão e a beleza de amar. Antônio Frederico de Castro Alves, natural da Bahia, nasceu em 1847 e faleceu, aos 24 anos de idade, em 1871.
Duas vertentes se distinguem na poesia de Castro Alves: a feição lírico-amorosa, mesclada da sensualidade e a feição social e humanitária, em que alcança momentos de fulgurante eloqüência épica. Como poeta lírico, caracteriza-se pelo vigor da paixão, pela expressão da sensualidade, a intensidade com que exprime o amor, como desejo, frêmito, encantamento da alma e do corpo.
Enquanto poeta social, extremamente sensível às inspirações revolucionárias e liberais do século XIX, Castro Alves viveu com intensidade os grandes episódios históricos do seu tempo e foi, no Brasil, o anunciador da Abolição e da República, devotando-se apaixonadamente à causa abolicionista, o que lhe valeu a antonomásia de "Cantor dos escravos".

A vez primeira que eu fitei Tereza,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus…
E amamos juntos… E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala…
E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”

Uma noite… entreabriu-se um reposteiro…
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus…
Era eu… Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa…
E ela entre beijos murmurou-me “adeus!”

Passaram tempos… sec’los de delírio
Prazeres divinais… gozos do Empíreo…
… Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse — “Voltarei!… descansa!…”
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”

Quando voltei… era o palácio em festa!…
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!… Ela me olhou branca… surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!…
E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”

Castro Alves revolucionou e inovou a expressão do amor, libertando-a da herança clássica e platonizante, em vigor no século XIX, que não admitia ousadias que ultrapassassem a manifestação do amor sentimento, puro e sem apelo carnal.
O poema “O adeus de Teresa”, exemplifica bem a novidade expressiva do poeta que introduz uma nova concepção do amor na lírica romântica brasileira. Em sua poesia irrompe, sem disfarces, uma inovadora lírica impregnada de erotismo, de sensualidade, sem precedentes no discurso poético novecentista. Cabe, portanto, a Castro Alves o mérito de ter aberto os caminhos para uma profunda mudança na concepção do amor na temática da poesia produzida no Brasil.
Nesse poema, o poeta fala de um amor vivido, realizado em plenitude e paixão. Vale observar as repetições, ao longo do poema, da palavra “adeus” e a carga expressiva que ela vai revestindo a cada despedida. Na primeira, temos uma despedida feita sob o impacto de grande emoção: “Adeus eu disse-lhe a tremer co´a fala e Ela, corando, murmurou-me: adeus”. Esta é a típica despedida de um casal enamorado, latejando de paixão.
Na segunda despedida ocorre após uma noite de tórrido amor: “Adeus” lhe disse conservando-a presa…/ E ela entre beijos murmurou-me “adeus!” Trata-se de um adeus temporário, em plena vivência da paixão que os une.
A terceira vez que se disseram adeus foi antes do eu-lírico viajar, prometendo voltar. Este “adeus” assume uma carga mais dramática, mais emocional: “Partindo eu disse — “Voltarei!… descansa!…/ Ela, chorando mais que uma criança, / Ela em soluços murmurou-me: “adeus!” Afastado o amante, Teresa é dominada por uma nova paixão e nela se aventura. O antigo amante retorna e reencontra-a numa festa acompanhada de outro homem, com o qual canta junto à orquestra ("a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra / Preenchiam de amor o azul dos céus... / “Entrei!… Ela me olhou branca… surpresa! / Foi a última vez que eu vi Teresa!/ E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”
Teresa, escapando ao modelo tradicional da mulher apaixonada, recatada e submissa que permanece fiel a espera do homem amado, afirma-se como uma criatura independente, livre que busca satisfazer seus desejos e prazeres. Ela é bem diferente do perfil feminino retratado pelos demais poetas contemporâneos de Castro Alves. Tereza, volúvel e infiel, logo substituiu o homem a quem dissera amar, por um outro ao qual se entrega com paixão. Assim, a última estrofe assinala o rompimento do poeta com o cânone do Romantismo, na medida em que é o homem a vítima do abandono, da rejeição e não mais a mulher. Há, portanto, uma inversão de papéis típicos do elemento masculino, como seduzir, possuir e abandonar, na medida em que é a mulher quem, após o longo período de abandono, sente-se autorizada a trair e desprezar o seu sedutor, entregando-se a uma nova paixão.
Este ato de Teresa constitui a principal diferença que se estabelece entre ela e as outras mulheres que vimos nos textos românticos dos nossos poetas. Teresa nada tem de Penélope, não é o tipo de mulher que fica eternamente à espera de seu único, grandioso e eterno amor. Não... Decididamente, ela é uma mulher ousada, de espírito realista, transgressiva, que enfrenta preconceitos, ignora censuras e despreza as normas cerceadoras da liberdade feminina, vigentes em seu tempo, assumindo a direção da própria vida e buscando a felicidade almejada e julgada legítima.
O poeta cria, assim, um desfecho surpreendente, avançado para a sua época e inovador para um poema do período romântico, da mesma forma que retrata a mulher de forma ousada, desenvolta, sensual, bem oposta ao modelo de mulher pura, reservada e recatada consagrado pelos poetas inscritos no Romantismo.
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By Zenóbia collares Moreira Cunha


6 de agosto de 2012

Ó, como sofre esta meiga garotinha!


A edição de A Fazenda do dia seguinte da saída da indigesta Penélope ficou passando o filminho de Titia Nicole em seu reencontro com os bichos após ter escapado da roça... 
A megera indomada fez um teatrinho seboso, artificial, sem nada a ver com a personalidade grosseira que vem demonstrando ter, para o público ver o quanto ela ama os animais, o quanto é carinhosa e “Fantástica” com os bichinhos, como é coração bão. 
Ó, céus! Esqueceu a descompensada "governanta" da Casa sede de A Fazenda o quanto criticava Simone por fazer a mesma coisa, na mesma medida que insiste em dizer que Vivi maltrata os animais. Ô, língua viperina!
Olhem a carinha sofrida da pobre garotinha, abraçadinha com o sobrinho, num dilúvio de sentidas lágrimas. Parece a imagem da Mater Dolorosa! Ó, dor! Ó, vida ingrata que me separa do meu filhotinho... Ai, ai, ui, ui, ... 
Filipe ganhou a prova da chave e deixou o serpentário em polvorosa... Hehehehe. Mas, não vou relatar aqui o fuzuê que que aconteceu nesse domingo (5). 
Quem quiser saber os detalhes, leia o post que escrevi no Rabiscos de Eva. (O link está à direita da página, em meus favoritos. 

A todos/as meus votos de que tenham uma feliz semana!