26 de outubro de 2020

A Mulher sozinha...


Discriminada pelas amiga,  alvo de cantadas, ela descobre depois da separação que foi exilada.
O mundo é injusto. Enquanto gays, blacks e outras minorias conquistam direitos, há uma completamente esquecida. São as mulheres sozinhas. Muitas são divorciadas, viúvas, outras nunca encontraram um amor. Talvez não exista grupo mais discriminado que esse, em todas as classes sociais. Basta uma mulher separada ir a um churrasco, para levar veneno. Se conversa com um homem que até pouco tempo, quando casada, era considerado um amigo da família, já desconfiam. Uma amiga da mulher do sujeito diz:

– Olha lá, a Heleninha dando em cima do seu marido.
Se tenta parecer atraente, criticam.
– Ela devia ter vergonha de se vestir assim, com as pernas totalmente de fora.
Se fica quieta, também leva ferro.
– Em vez de tentar refazer a vida, ela fica que nem uma estátua no canto. Está sozinha por culpa dela mesma!
Mulher que perde marido, ou que nunca teve mas continua no páreo, não costuma ser convidada para churrascos, festas, encontros de casais. Até as melhores amigas a tratam como se tivesse uma doença contagiosa. Calculam que a mulher disponível pode roubar o marido alheio. Pior: os homens consideram a solitária como disponível. Sentem até obrigação de dar em cima.
Se tem alguma idade e vai à festinha de aniversário do sobrinho ou a um baile funk, não importa, sempre há um machão pronto para dizer aos amigos:
– Vou sair com a coroa. É uma caridade.
Isso, mesmo que ela não esteja nem um pouco interessada.
Se é rica, ou bem de vida pelo menos, um garotão se aproximará. Mesmo que sinta uma enorme atração por ela, dificilmente assume o amor. Vai se exibir aos amigos.
– Ela me deu este relógio aqui. Disse que a gente vai para Nova York. É duro ser gostoso.
Discriminada pelas amigas, alvo constante de cantadas, a mulher descobre após pouco tempo de separação que foi exilada pela sociedade. E que não há uma entidade pronta a lutar por seus direitos. Mesmo porque, quais seriam exatamente? Ser convidada para festas? Ser desejada? Nenhuma lei pode determinar isso.
As que têm família, filhos, irmãs não ficam tão à margem da vida social. Mas os familiares também têm sua própria vida, e nem sempre disponibilidade para elas. Há a internet, onde sempre podem encontrar um antigo namorado, dos tempos de escola, e recomeçar. Ou conhecer algum sujeito também solitário, louco por um relacionamento. Algumas até se auto-exportam. Há o caso de uma que, com os filhos crescidos, encontrou um novo amor em Portugal, pelo Facebook. Voou para lá e não pretende voltar.
A maioria forma grupos de amigas sem marido. Criam uma vida social à parte. Conheço um grupo de moradoras de Alphaville, bairro de classe alta de São Paulo, que vive exatamente assim. São três ou quatro amigas. Viajam para o exterior juntas todos os anos, alugam carro e atravessam países, saem juntas nos finais de semana. Ficam até nervosas se uma delas arruma namorado. O novo relacionamento ameaça causar rupturas no grupo. A amizade não exclui a competição. Certa vez, uma amiga minha saiu com a vizinha, também divorciada. Foram a um bar, onde a primeira conheceu um militar, de alta patente. Ele começou a flertar. Ela cometeu um erro: foi ao toalete. Quando voltou, a outra já tinha trocado telefone, e-mail e marcado novo encontro. Em dois meses, estava casada. Sim, é fato: mulher, quando não aguenta mais a solidão, é rápida. Também é fato: muitas se acostumam à situação. Já ouvi muitas vezes amigas se chamarem entre si de “marida”. Não são lésbicas. Apenas têm um relacionamento tão constante, que brincam a respeito. No fundo, fora o sexo, estão mesmo casadas, pois não se largam.
Pior: a mulher tem contra ela a estatística. Segundo o IBGE, até os 79 anos, morrem mais homens que mulheres. Um levantamento recente mostrou que a população brasileira é 51,5% feminina e 48,5% masculina. Aparentemente é uma diferença pequena, embora poucos pontos percentuais definam até o resultado de eleição. Em número, é gigantesca: há 5,8 milhões de mulheres a mais que homens. Conseguir um novo marido, portanto, é pior que capturar vaga em qualquer vestibular de medicina.
Nem todas as mulheres estão à procura de um homem, muitas se satisfazem com suas carreiras. Ainda bem. Mal sei que conselho posso dar, a não ser do ponto de vista individual. Seja prática. Se tem um marido, segura!
Ou prepare-se para se transformar numa excluída.

Autor: Walcyr Carrasco. 

24 de outubro de 2020

Tenho o encanto das encantadoras.

                                

Eu sou melodia, sou valsa, sou emoções, sou mar revolto bramindo com fúria e sou também a prata das águas que as estrelas fazem brilhar em noites de veludo. Tenho o encanto das encantadoras e a frieza dos desiludidos. Sou valsa, sou tango, sou calor e sou gelo. Sou verdadeira, incapaz de ser falsa, mas inteligente para já saber que a palavra é de prata quando o silêncio é de ouro. Sou melodia, sou valsa, sou emoções desavindas ou controladas.

Sou uma sonhadora, uma tonta e, uma querida ou inimiga passageira. Não me dou com o mal e sempre pedi ajuda para quem me traíu. Já fui traidíssima e amada como só os poetas sabem amar. Em delírio, em paixão, em loucura. Pisco os olhos às estrelas, afago as nuvens, dou o braço ao vento e falo com a infinidade dos Oceanos mas não sou marada. Sou filha deles!

Sou um sono e muitos sonhos onde já me aconteceu de tudo Já estive no Paraíso, já acompanhei Jesus, já sonhei com pessoas de quem não gosto mesmo nada e nunca conheci pessoalmente. Já afaguei algumas e já desanquei noutras. Sou assim: doce e amarga, tonta e certinha. Rodopio, danço, sorrio à Vida, às flores, aos animais, às pedras (“eu hei-de amar uma pedra…”) e… sorrio para ti, meu amor.

(Autora: Maria Elvira Bento)
(foto:Ken Browar/Deborah Ory)

16 de outubro de 2020

O Drama das mulheres chinesas solteiras

 

Uma campanha feita pela marca de produtos de beleza japonesa SK-II, no estilo documentário, está viralizando no mundo inteiro por um motivo que vai fazer você refletir.
Intitulada “Marriage Market Takeover” (“assumindo o controle do mercado de casamentos”, em tradução livre), o vídeo de quatro minutos aborda o preconceito com mulheres de cerca de 27 anos, que não se casaram.

Pressão psicológica
O vídeo tem o intuito de reacender o debate em relação as “sheng nu”, forma como são intituladas as “mulheres que sobraram”, perto dos 30 anos, que estão solteiras.
Na China, espera-se que as mulheres priorizem o casamento e a maternidade, em vez de optarem pela carreira ou pelos estudos, por exemplo. Por isso que a pressão social é grande e ser solteira é visto como um problema e até um sinal de desrespeito aos pais.
O presidente da empresa de beleza, Markus Strobel, disse em comunicado enviado à emissora BBC News, que a campanha global é para inspirar e empoderar as mulheres.
"Nós mostramos um problema da vida real de mulheres chinesas talentosas e corajosas que são pressionadas para casar antes dos 27 anos por medo de serem rotuladas como 'sheng nu'”, comentou sobre o vídeo que retrata a sociedade chinesa.
O vídeo da marca de beleza mostra declarações de mulheres solteiras e de seus pais. Na gravação, um pai diz: “Eu não vou morrer em paz se você não se casar” e mulheres retratam como são vistas e como é estressante ter que conviver com os comentários e perguntas das pessoas.
Em outro momento do vídeo, uma mãe diz que sua filha tem uma aparência normal, não é bonita e é por isso que ela “sobrou”.
Mercado de casamento
Na China, centenas de pais e mães vão ao Mercado de Casamento de Pessoas exibir as qualidades e os perfis de seus filhos e filhas que estão em busca de um parceiro. Uma das mulheres que é contra esta prática relata que é como se eles estivessem vendendo os seus filhos.


O Casamento faz bem à saúde

 Pesquisa revela que os casados têm menor chance de sofrer de depressão e ansiedade e que são mais felizes do que solteiros
Maridos e esposas têm menor chance de sofrer de depressão e ansiedade
Parece óbvio dizer que o casamento faz bem para o casal.
Mas além das alegrias da união, uma pesquisa apontou que homens e mulheres ficam menos aptos a desenvolver depressão e ansiedade após o matrimônio.
Cerca de 35 mil pessoas em 15 países participaram do levantamento, conduzido pela psicóloga neozelandesa Kate Scott, da Universidade de Otago em associação com a Organização Mundial de Saúde e a Universidade de Harvard.
A pesquisa mostrou que casar é melhor para a saúde mental e também física das pessoas de ambos os sexos do que a "solteirice".
Os homens apresentam possibilidade menor de ter depressão no primeiro casamento do que as mulheres.
Por outro lado, o estudo mostra que o fim da relação por divórcio, separação ou falecimento está ligado ao aumento no risco de perturbações, como abuso de substâncias pelas mulheres e depressão nos homens.
Dicas para um casamento ser bem sucedido
Conviver com alguém pela primeira vez não é fácil. Quando se trata de um parceiro com quem você acabou de se comprometer pelo resto da vida, a situação pode ser ainda mais complicada.
A vontade de ser perfeita, de satisfazer as vontades dele e de evitar que ele se arrependa de ter casado com você geram uma tensão desnecessária, quando o que deveria acontecer é os dois desfrutarem e se adaptarem à vida a dois.
Para isso, é preciso justamente que não fiquem juntos o tempo todo. Ou seja, dar espaço ao outro é essencial para que haja aquela vontade de se verem, como acontecia quando não conseguiam se ver todos os dias.
Confira algumas dicas para que nada fuja do controle e o casamento seja um sucesso.
Mãos à obra
A primeira manhã em seu novo lar, hora de dar aquele toque pessoal. Comece a decorar e ajeitar o espaço em conjunto. Fique atenta para não pintar os cômodos de rosa: lembre-se de que a casa também é dele.
Fique sempre linda
Ele ser seu marido não é desculpa para que você se descuide da sua aparência. Toda vez que ele te olhar, ele deve se lembrar por que te escolheu como esposa e companheira.
Autocontrole
Tenha em mente que a convivência pode trazer à tona algumas características dele das quais você pode não gostar. Antes de começar uma briga, respire fundo e tentem chegar num acordo.
As primeiras noites
Provavelmente ele não te olhará tão apaixonadamente como antes, nem com tanto desejo. A rotina e os assuntos da casa podem inibir um pouco a paixão. Não deixe que ela morra: faça surpresas à noite sempre que possível.
Transparência nas contas
É importante, desde o primeiro dia, que as contas sejam bem feitas para que o dinheiro nunca seja um problema. Procure adequar os gastos de acordo com a capacidade econômica de cada um.
Diga "não" às pequenas discussões
Tente não repreendê-lo como se fosse sua mãe e estabeleça tratos e acordos para dividirem a casa, o banheiro e o controle remoto da televisão.
Surpreenda-o
Não perca as pequenas coisas que fizeram com que vocês se apaixonassem. Coloque um bilhete de amor no bolso dele, faça uma visita inesperada, dedique uma canção, prepare uma noite romântica. O importante é manter acesa a chama do amor.
Aceite-o como ele é
Lembre-se de que nem todo o amor do mundo é capaz de fazer com que ele mude alguns hábitos que podem parecer irritantes. Ele já era assim antes de vocês se casarem, e mesmo assim você decidiu juntar-se à ele. Então não tente fazê-lo mudar mais do que ele estiver disposto a mudar.
Não seja possessiva
Só porque você se casou com ele, não quer dizer que agora é dona da vida e do tempo do seu marido. Deixe que ele tenha sua independência e seus espaços. Não proíba que os amigos dele o visitem, nem que ele saia para tomar uma cerveja com eles. Também não pegue no pé se ele chegar mais tarde, porque você também vai querer ter esse tempo para curtir suas amigas.
Sempre amigos
Por fim, nunca deixe de ser sua amiga. Faça com que ele tenha, em casa, tudo o que ele precisar, e procurem se divertir com as mesmas coisas de antes, como viagens, cinema, um passeio, festas. Dessa forma, ele nunca terá que procurar isso em outros lugares ou com outras pessoas.

14 de outubro de 2020

Que delícia de carícias!


"Carícias preliminares, beijo na boca, no pescoço e na orelha. Mãos que passeiam pela nuca, pelos ombros, pelas pernas, ui! Que delícia sentir o toque da pessoa desejada. Que delícia namorar, namorar e namorar antes de qualquer coisa. 
Este texto de Jussara Haddad é mesmo uma delicinha! A autora não é adepta de falsos pudores, vai logo abrindo o jogo e ensinando a mulherada o que elas precisam saber para terem uma vida sexual de qualidade, sem frustrações, sem carências. Ao mesmo tempo, o que ensina também é do interesse dos parceiros, ela não os exclui da fruição do mesmo prazer, enfatizando a reciprocidade da troca de carícias, de interesse e de busca de uma relação sexual mais plena e prazerosa. Vamos à leitura do texto e bom proveito!
Beijar na boca tem um sentido de tudo. Reparem só como é impossível viver um amor sem beijar na boca. Sem beijar na boca quer dizer claramente que está tudo errado. Fazer amor sem beijar na boca tem graça? 
Carícias! Como são importantes as carícias que envolvem o casal e o momento em que estão querendo se amar. Está certo que cada hora é de um jeito e todo jeito é bom pra quem está a fim de ficar junto. Mas aquela vez que envolve carícias, muitas carícias, deixa lembranças maravilhosas, não é mesmo? 
E não tem essa de que é só a mulher que gosta e que precisa. Muitos homens fazem questão absoluta de muita preparação. Tenho ouvido casos bem parecidos aos das mulheres, contados por elas mesmas sobre os seus parceiros. Tem tudo a ver. Muitos homens já não estão mais conseguindo partir para o ataque a sangue frio. O estresse, o cansaço do dia a dia, a cabeça cheia de problemas. Eles também estão precisando de carinho, de envolvimento, de massagem, enfim, de bons motivos para revelar a fera que existe em cada um. 
As mulheres, nem se fala. São cristais que, apesar de hoje em dia estarem mais ousadas e seguras do que querem, não dispensam um bom clima de romance para começar o que querem. Ah, importantíssimo, também não dispensam os arremates finais. Ficar deitadinha no ombro dele, ganhando beijinhos, dizendo coisinhas melosas, hum... É o sonho de muita mulher. 
Nada contra as rapidinhas, mas com carícias, com carícias se vai mais longe, com carícias se suspira se arrepia e se contorce. Que delícia o casal que cresce junto e que consegue manter isso indo muito além da obrigação conjugal a cada vez que se encontram na cama. Muitos casais conseguem isso e isso é simplesmente encantador, apaixonados depois de tantos anos. 
Muitos infelizmente se entregam ao desgaste e aos conceitos plantados pela sociedade de que o casamento de alguns anos não pode oferecer paixão, prazer e alegria. Que bobagem, perderam tanto tempo cuidando de coisas tão menos importantes e se esqueceram de cultivar o principal, o carinho entre eles. Aí realmente, em casa não tem graça mesmo. Gente, as pessoas na grande maioria se casam apaixonadas. Onde é que isso foi esquecido? Por que valores aqueles foram trocados? 
As zonas erógenas como pescoço, orelhas, seios, virilhas, pernas, nádegas e costas, quando acariciadas levam a um estado orgástico capaz de inundar de prazer qualquer relação. Mãos a obra! Usem e abusem das carícias e estendam seu prazer ao limite das estrelas
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AUTORA: Jussara Hadadd é terapeuta holística,

especializada em sexualidade

9 de outubro de 2020

Michelle Bolsonaro, a Primeira Dama do Brasil


Michelle e Jair Bolsonaro se aproximaram na Câmara dos Deputados, em 2007. Naquela época, ela trabalhava como secretária parlamentar, e Bolsonaro cumpria o seu quinto mandato como deputado federal.
A nova primeira-dama, Michelle Bolsonaro, não gosta de dar entrevistas, mas já disse que quer se dedicar a projetos sociais. Ela é ex-assessora parlamentar e conheceu o marido na Câmara dos Deputados.
A felicidade em pessoa. O estado de espírito da nova primeira-dama do Brasil estava estampado no rosto. Os sorrisos, acenos e cumprimentos discretos na posse revelam muito sobre a personalidade de Michelle Bolsonaro, uma mulher que nasceu e foi criada tão perto e tão longe dos palácios da capital.
A exatos 35 quilômetros do Palácio do Planalto, a maior cidade do Distrito Federal é também uma das mais pobres. Ceilândia tem brasileiro de todo canto, mas é conhecida como o berço dos nordestinos. Lá nasceu e foi criada Michelle de Paula Firmo Reinaldo. Os antigos vizinhos têm boas lembranças dessa época.
“Era alegre. Alegre, nunca vi coisa ruim junto com ela”, conta Líria Messias, vizinha da família de Michelle Bolsonaro.
Douglas ainda mora na mesma rua onde Michelle passou a adolescência.
“Sempre uma pessoa muito educada, muito generosa, tinha um carinho muito especial”, lembra Douglas Cardoso, vizinho da família de Michelle Bolsonaro.
A primeira-dama do Brasil tem 38 anos e é a mais velha de cinco irmãos. Os pais ainda vivem em Ceilândia, uma dona de casa e um motorista de ônibus aposentado.
Amigos dizem que Michelle já fez de tudo para que a família fosse morar em outro lugar, mas ninguém quer sair de lá.
A história da menina Michelle é bem parecida com a história de tantas outras meninas que vivem em bairros da periferia das grandes cidades brasileiras. Em Ceilândia, ela sempre estudou em escola pública, concluiu o ensino médio, e precisou ajudar a mãe nas despesas de casa.
A jovem, que seria a primeira dama do Brasil, tinha muita energia e foi a luta. Trabalhou num supermercado, numa indústria de alimentos, aliás, este foi o primeiro emprego com carteira assinada.
Em 2004, Michelle conseguiu emprego de secretária parlamentar na Câmara. O encontro com o então deputado Jair Bolsonaro foi em 2006. Ela foi trabalhar no gabinete de Bolsonaro e depois se casaram no civil.
Em 2008, o Supremo Tribunal Federal proibiu o emprego de parentes no serviço público e o deputado demitiu a mulher. O casamento, numa cerimônia evangélica, aconteceu em 2013, no Rio.
Michelle já tinha uma filha, de um relacionamento anterior, Letícia, agora com 16 anos. E depois tiveram Laura, hoje com oito anos.
Os amigos mais próximos dizem o mesmo sobre Michelle Bolsonaro: ela é uma mulher simples, doce, tímida, e ao mesmo tempo, uma mulher forte e decidida. Como mãe é linha dura e como esposa, também. Dentro de casa, ela dita as regras.
Michelle se manteve firme depois do atentado a Bolsonaro em Juiz de Fora, em setembro. E foi firme também no período em que o então candidato foi liberado do hospital e fez a campanha em casa, em pleno segundo turno.
Durante a campanha, Michelle ficou nos bastidores. Ela evitava entrevistas a todo custo. Deu depoimento apenas uma vez no programa eleitoral. E ao Jornal Nacional, numa das raríssimas entrevistas que concedeu, ajudou a suavizar a imagem do marido, antes das eleições.
“É uma infelicidade quem fala que ele é racista, que ele é machista, que ele é homofóbico. Isso é tudo mentira. Infelizmente são rótulos que não são verdades", disse Michelle na época.
No discurso da vitória, Michelle preferiu, mais uma vez, a discrição. Até na Igreja que frequenta, num culto que celebrou a vitória do marido.
Michelle já disse que concorda com 99% das ideias do marido, mas também que já discordou da forma como ele usou as palavras em certas ocasiões. Agora, que os bastidores da campanha ficaram para trás, ela avisa: não será uma primeira-dama decorativa, vai assumir o protagonismo no que é a sua grande paixão: a assistência social.
A primeira-dama nasceu numa família católica e se tornou evangélica na adolescência. No Rio, ela frequenta a Igreja Batista Atitude. E durante anos, se dedicou a ações sociais.
“Hoje, a Michelle ajuda nos trabalhos sociais com distribuição de alimentos, festas de final de ano para instituições carentes e também ajuda no Ministério de Surdos, que a gente chama de Incluir”, diz Josué Valandro Júnior, pastor da Igreja Batista Atitude.
"Tive essa aproximação de pessoas com deficiência, os surdos, eu tenho um tio surdo também, e tenho muito amor por essa comunidade. Quero fazer o melhor", explicou Michelle.
No fim de setembro, ela participou da formatura da Trupe Miolo Mole, um grupo que leva alegria a crianças internadas em hospitais. Em dezembro, ajudou a organizar uma festa de Natal para crianças pobres de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Sem alarde, Michelle Bolsonaro já está fazendo articulações em Brasília para botar em prática um projeto social para o governo do marido.
A primeira ação começou já na posse. A estilista Marie Lafayette criou os dois vestidos que a primeira-dama usou nesta terça-feira (1º). A inspiração veio de dois ícones da moda: Grace Kelly, princesa de Mônaco, e Jacqueline Kennedy, ex-primeira-dama dos Estados Unidos. Marie já tinha sido responsável pelo vestido do casamento de Michelle. Mas, para ganhar a preferência da primeira-dama nesse momento único, a estilista fez a proposta certeira.
“Eu falei para ela, poxa eu tive uma ideia: ‘por que a gente não junta estes vestidos todos que você vai ter que usar?’ Porque existe um protocolo também de se vestir em eventos oficiais, e depois esses vestidos podem ser vendidos, leiloados. E aí ela vai escolher instituições que sejam do agrado dela, que enfim, toquem o coração dela para que ela faça essas doações”, conta a estilista.
“Eu tenho muitos planos, muitos projetos e eu peço a Deus que venha nos abençoar, que possamos ter sabedoria e discernimento para conduzir tudo isso, eu sei que é difícil, não é fácil, pelo momento que o Brasil está passando, mas vamos pedir sabedoria e discernimento para a cada dia a gente saber lidar com o novo”, disse Michelle em outubro.
Em todos os pronunciamentos do candidato havia uma intérprete de libras.
No discurso da vitória, Michelle cedeu o lugar para a intérprete, na diplomação e, hoje, na posse também.
No discurso em libras, ela defendeu mais uma vez os deficientes.

10 de janeiro de 2020

A Mística do Corpo: Eros Liberto!

De repente, senti saudades da poesia que por tantos anos de magistério vivenciei com meus alunos, fruindo prazerosamente os sentimentos e os pensamentos mais profundos dos poetas. 
Feminina e Plural é um blog de variedades triviais, interessado em assuntos feminino e visando o entretenimento. Portanto, não parece haver nele espaço para a literatura! Será? Eva não tem existência própria, outra mão escreve por ela, outra mente pensa por ela, outro coração comanda seus sentimentos. Eva é apenas um alter-ego, a vertente jovem de uma outra mulher que, perplexa, viu os anos passarem sem que a jovem que nela havia se fosse embora. E essa jovem ama a literatura e está um tanto cansada de trivialidades.
Assim, hoje, Eva abre espaço para a poesia escrita por uma mulher talentosa e sensível. Vamos aos versos?

Da minha estreia na blogosfera até chegar à descoberta de que nem tudo nela é uma viagem errante através de uma nebulosa, na qual nada realmente gratificante e proveitoso há para oferecer, levou um alargado e desperdiçado tempo que, graças a vida, já não passa de poeira de vagas lembranças destinadas à terra do olvido absoluto. Na medida em que, em minhas deambulações, fui descobrindo o lado luminoso e fascinante que existe no mundo virtual, retomei o entusiasmo por este universo paralelo que se abre em possibilidades múltiplas de realizações e de contatos sociais muito gratificantes.
Todavia, o que não esperava encontrar era o elo quase perdido com a literatura feminina brasileira. E ele ali estava, diante de mim, na melhor e mais prazerosa surpresa que foi, para mim, a descoberta de mulheres escritoras, talentosas e inteligentes, autoras de poesias, narrativas de ficção e crônicas de grande interesse e qualidade estético-literários. Apaixonada pela literatura, especialmente a que é produzida pelas mulheres, senti-me feliz por ter encontrado o porto seguro que buscava na leitura dos textos de Glória Tupper, de Mariza Lourenço e de Layla Lauar, três talentosas escritoras e mulheres de personalidades fortes, modernas e antenadas com formas de poetar em voga nos horizontes da melhor expressão literária.
Todavia, antes de entrar na apresentação e comentários dos textos poéticos de minha amiga Glória Tupper necessário se faz algumas ponderações sobre a poesia erótica, gênero dominante do discurso da escritora, como é no de tantas mulheres que ousaram e ousam, desenvoltas e cheias de dignidade, libertarem-se dos espartilhos da auto-censura, do receio de exteriorizarem suas emoções, seus sentimentos e os seus multifacetados desejos vividos e/ou imaginados.
A poesia de Glória Tupper se inscreve na vertente erótica do lirismo contemporâneo, desenvolvendo a temática do corpo liberto dos tentáculos da repressão. Ela segue pelos caminhos libertários dos que fazem uma literatura transgressiva em relação aos tabus culturais e religiosos que interditaram durante séculos, principalmente à mulher, a expressão da sua sensualidade. Com efeito, Glória busca exatamente realizar uma literatura que se erga como um libelo em favor da liberdade de expressão. Se tivesse tentado publicar tais poesias até a década de cinqüenta do século XX, decerto teria sido esmagada pela crítica defensora da moral (falsa moral) e dos bons costumes, como foram tantas escritoras até meados do século passado.
Vale lembrar que, apesar da revolução modernista, somente após a segunda guerra mundial as mulheres começaram a invadir o círculo fechado da literatura. No início, ainda timidamente, depois com ímpeto e atitude, figuras femininas notáveis estreavam nas letras, não apenas em quantidade surpreendente como em qualidade excepcional. Nas obras destas poetas, além da evidente identificação com as “novidades” estéticas e temáticas trazidas ou ressuscitadas pelos modernistas, avulta a retomada do discurso erótico inaugurado no lirismo feminino português por Florbela Espanca e Judith Teixeira e, no Brasil, por Gilka Machado. Tal retomada foi, talvez, uma tomada de consciência por parte das mulheres do quanto ainda havia de repressão no que toca a expressão da sexualidade feminina, seja na vivência íntima de cada uma, seja do próprio discurso literário, amordaçado para qualquer manifestação erótica por parte dos ideólogos e defensores da moral e dos bons costumes.
Nas derradeiras décadas do século XX, as poetas já não se adequavam ao desgastado figurino da poesia confessional, da expressão sentimental, mais das vezes voltado para a retórica da infelicidade, da dor e das lágrimas que vinha ameaçando perpetuar-se no lirismo feminino. A poesia da geração de mulheres surgida após a revolução modernista, especialmente em Portugal, nutrira-se na seiva de uma consciência mais aguçada acerca da realidade do amor, da verdade do corpo, do direito de ser mulher e, principalmente, da urgência de um grito de independência, de busca da plena liberdade de expressão. O lirismo feminino assumiu uma dimensão vivencial, revelou-se na plenitude de sua humanidade e temporalidade. Esta poesia quase não fala de dor, fala de amor, de desejo, de luxúria, de prazer e de felicidade. Nela a expressão do amor sensual é uma “festa do corpo”, como bem testemunha a poesia de Glória Tupper:

Highway
Meus espaços te anseiam
Todo meu corpo arde
Em tremores de desejo
Em lembranças de prazeres vividos.
Conheces meus caminhos
Que se abrem em via de mão única
E por onde percorres com perícia,
Por onde passeias tuas audácias
E onde não há sinal fechado.
Mas se houver, ah, por favor!
Ultrapasse!

A partir da década de 70, a liberdade da linguagem acentuou-se. As escritoras tomaram as rédeas do seu discurso, libertam a linguagem feminina de todas as interdições e tabus milenares, deram expressão poética ao erotismo, enriquecem o repertório temático da poesia com temas transbordantes de sentimento estético da sensualidade, do desejo, da fruição dos prazeres do corpo. A nova linguagem obedecia a uma nova gramática, exigia que se lesse a poesia com o espírito despojado de malícia, da noção cerceadora do pecado e livre do peso da culpa.

Cadência
Gosto quando se enrosca
Entre minhas pernas
E me faz arrepiar.
Gosto quando suprime meus sentidos
Num gozo alucinante
Onde tudo é pulsar.
Gosto de suas palavras doce
Tanto quanto amo as mais sórdidas.
Com você sou namorada
Me transformo em amante
Viro mulher da vida
E voto a ser menina.
Porque seu corpo é uma máquina perfeita
Que pulsa na cadência
Exata, precisa
Do meu infinito desejo.

Talvez pela primeira vez, na poesia feminina posterior aos anos cinquenta, a mulher tenha ousado expressar o seu encantamento com o corpo do homem, com a beleza das formas masculinas. Já não é mais o homem o único a falar do seu desejo, da sedução do corpo da mulher amada, do mágico delírio que o seu toque desata. 
Glória Tupper, ousadamente, resgata a sexualidade feminina, a sua participação ativa na relação amorosa (Quero teu cheiro de macho / invadindo meu quarto) o seu direito ao prazer e à realização das suas fantasias eróticas (Suga minha boca / Orfã de você / Passeia pelo meu corpo/ Como se não conhecesse o caminho a percorre / Segura minha cintura / E se encaixa em mim / Fundindo seu corpo ao meu / num frenesi alucinado e sem fim/ me explora, me usa) tudo em sua poesia é um canto de exaltação à harmonia do corpo com o amor que impulsiona o desejo, ela promove somente a libertação do discurso poético feminino das amarras que bloqueavam ou interditavam a verbalização da sua sexualidade, a menção de sua intimidade, ela também libera o corpo, as partes do corpo e seus segredos.

Melodia
Quero teu cheiro de macho
Invadindo meu quarto
Impregnando meus lençóis
Penetrando em minha pele.
Quero tua indecência
Tua falta de inocência,
Teu despudor escancarado:
Quando me tomas como mulher.
Quero não saber onde começo
Nem onde terminas
Só quero que seja contínuo
E inesgotável.
Somos dois instrumentos
Produzindo os mesmos sons
Sou ritmo. Es cadência
Somos melodia de amor.

O homem deixa de ocupar o papel principal na ribalta amorosa, o que conduz o ato sexual e a busca do seu próprio prazer, agora conduzido também pela mulher, pelos caminhos das suas fantasias eróticas e das exigências do seu desejo.

Voraz
Te quero desde sempre
Então quando começar
Não pare.
Comece devagar
Como se fosse
A primeira vez
Depois intensifique
A dose de carinho
Faça-se urgente
Voraz e faminto
E acalme a fome
Que tenho de ti.

Ela já não se coloca como a aprendiz de outrora. Ela conhece o próprio corpo, ela sabe onde o desejo se agita.

Êxtase
Sopra tua vida para dentro de mim
Aquece-me com teu calor
E me faz transbordar de prazer.
Despeja teu desejo e me sacia
Porque de ti quero beber até a última gota
Quero esgotar todos os teus músculos
Acelerar tua respiração
Resgatar tua loucura
Por trás da sanidade aparente.
Quero-te homem e menino
Segurando teu desejo
Esperando meu momento
Para juntos explodirmos
Num êxtase sem fim.

O homem é o parceiro e o cúmplice da mulher na aventura suprema da fruição recíproca dos prazeres da carne e do amor correspondido ou consentido. É de amor que a poeta fala em seus poemas, mas de um amor total que liga o homem e a mulher por todas as pontas do ser com laços indestramáveis, cujas laçadas seguras fundem e confundem os corpos e os sentimentos, a força do desejo e a intensidade do amor, as delícias da carne e os deleites do coração, é o amor nivelador das diferenças, é o sentimento que desconhece o preconceito.

Lord Negro
A voz macia e pausada
Lentamente invade meus sentidos
E me transporta para outras dimensões
Como se bailasse dentro dos meus ouvidos
Seus olhos negros me fitam
Sinceros, profundos
Desnudam a minha alma
E penetram nos meus sonhos.
Delicado e másculo
Sensível e forte
Doce e viril
Suave e intenso

Glória procura desconstruir a imagem tradicional da mulher, por resgatar a identidade feminina. O homem perde o seu estatuto de parte ativa, a quem cabe conduzir a relação a dois. Ao contrário disto, ele é o parceiro, o cúmplice da mulher na aventura suprema da fruição recíproca dos prazeres da carne e do amor correspondido ou consentido.

Renda-me
Toma de assalto a minha alma
Rouba meu desejo proibido
E me faz tremer... de desejo.
Domina-me
Imobiliza minhas pernas
Invade a minha boca
E vasculha os bolsos do meu corpo.
Assalta-me
Tira de mim minhas riquezas
E eu me entrego incondicionalmente
Rendo-me a você.

A mulher coloca-se na posição de defensora do seu prazer, ousando ensinar ao parceiro, conduzi-lo na vertigem da viagem pelo corpo aceso pelo desejo, subvertendo assim a tradição milenar que impunha à mulher uma atitude submissa, a aceitação passiva de mero objeto do prazer masculino. Feminina e plural, Glória representa muito bem a figura da mulher contemporânea, intensa, forte, resoluta, feminina e cheia de orgulhosa certeza de que ser mulher não é fácil, que desbravar os caminhos da liberdade e da auto afirmação pode ser uma dolorosa experiência, mas que é a trilha mais curta para se chegar à sabedoria.
Na verdade, o desdobramento do seu ser “feminino e singular”, por ser único e insubstituível, em uma pluralidade de diversificados papéis exigidos pela própria vida, é o que faz de Glória Tupper uma legítima mulher deste aquariano e libertador terceiro milênio: um ser ímpar, reinventado e reconstruído por ela mesma a cada dia, com a coragem e a dignidade de um ser dotado de insondável magia que, mesmo enfrentando tempestades ou calmarias, sabe que é preciso navegar. Sempre!
Autora das análises dos textos: ZCMC (Eva/RN).